Nos últimos anos, o setor da beleza tem se consolidado como um dos mais promissores e resilientes da economia brasileira. Salões de beleza, estúdios especializados em cílios, unhas, maquiagem e estética, além de profissionais autônomos que atuam em domicílio ou como freelancers, continuam crescendo mesmo diante de desafios econômicos. No entanto, uma dúvida persiste entre muitos desses profissionais: vale a pena se formalizar como MEI (Microempreendedor Individual)? A resposta, para a maioria dos casos, é sim — e os motivos vão muito além da regularização do CNPJ.
Se você é cabeleireira, designer de sobrancelhas, lash designer, manicure, maquiadora ou esteticista, provavelmente já sentiu na pele a dificuldade de conquistar estabilidade, de emitir notas fiscais, de participar de feiras ou até mesmo de fazer parcerias com empresas ou fornecedores maiores. A informalidade limita não só o crescimento do seu negócio, mas também a sua proteção legal, o seu acesso a benefícios e a sua credibilidade profissional. É aí que entra o MEI, um modelo de formalização pensado justamente para pequenos empreendedores que desejam regularizar sua atividade com burocracia mínima e um custo mensal acessível.
Ao se registrar como MEI, o profissional da beleza ganha um CNPJ, o que permite emitir notas fiscais e acessar serviços bancários diferenciados, como contas PJ, maquininhas de cartão com taxas mais competitivas e até linhas de crédito voltadas a empreendedores. Isso sem falar na possibilidade de prestar serviços para empresas, clínicas e até participar de licitações públicas — algo impensável para quem está na informalidade.
Mas os benefícios não param por aí. O MEI também oferece acesso ao INSS, garantindo direitos como aposentadoria por idade, auxílio-doença, salário-maternidade e pensão por morte. Em um setor onde muitas vezes os ganhos são incertos, contar com uma rede de proteção social é mais do que um diferencial — é uma necessidade. Imagine, por exemplo, se um acidente ou uma gestação inesperada o impede de trabalhar por alguns meses. Quem é MEI tem o direito de solicitar auxílio e manter sua segurança financeira nesse período.
Outro ponto importante diz respeito ao valor fixo de contribuição mensal. O MEI paga hoje cerca de R$ 70 por mês (valor atualizado conforme as taxas de 2025), o que inclui impostos como o INSS e o ISS. Para quem fatura até R$ 81 mil por ano — ou R$ 6.750 por mês — esse custo é extremamente acessível. E mais: o valor é o mesmo independentemente do faturamento mensal, desde que dentro do limite anual. Isso dá previsibilidade financeira e permite que você se organize melhor para investir em cursos, materiais de qualidade, marketing e atendimento.
Vale destacar que, desde 2018, várias atividades da área da beleza foram incluídas na lista de ocupações permitidas para o MEI, como cabeleireiro, barbeiro, manicure, pedicure, depilador, esteticista e maquiador. Ou seja, a legislação reconhece oficialmente esses profissionais como empreendedores, o que reforça a importância e o valor desse setor no cenário econômico nacional.
É comum ouvir por aí que “formalizar dá trabalho”, ou que “não compensa pagar imposto se o cliente não pede nota”. Mas essa visão está ultrapassada. Cada vez mais, o consumidor valoriza serviços profissionais que oferecem confiança, segurança e transparência. Um simples detalhe como a emissão de nota fiscal ou o registro em uma plataforma de agendamentos pode ser o fator decisivo para conquistar novos clientes ou fechar parcerias. E o mais importante: estar regularizado é um passo essencial para crescer de forma estruturada, com a possibilidade de, futuramente, migrar para um modelo de empresa maior, contratar funcionários ou até abrir seu próprio espaço físico com segurança jurídica e financeira.
Formalizar-se também é uma forma de se posicionar com seriedade no mercado. Em um universo onde a concorrência cresce a cada dia e onde a profissionalização é cada vez mais exigida, ter um CNPJ, emitir nota, oferecer formas de pagamento diversificadas e demonstrar que você está em conformidade com as leis pode ser o diferencial que te coloca à frente. Além disso, o MEI pode ser um facilitador na hora de adquirir produtos e equipamentos com desconto de pessoa jurídica, ampliando sua margem de lucro e otimizando seu trabalho.
Por fim, é importante lembrar que o processo de formalização como MEI é simples, gratuito e pode ser feito totalmente online pelo Portal do Empreendedor. Em poucos minutos, você já sai com seu CNPJ em mãos e pronto para usufruir de todos os benefícios. Caso você tenha dúvidas sobre como se enquadrar ou precise de ajuda, existem contadores especializados e até serviços gratuitos do Sebrae que podem orientar você nesse processo.
Portanto, se você ainda está atuando na informalidade, considere que o MEI não é apenas uma obrigação fiscal: é uma porta de entrada para um novo momento da sua carreira. Um momento em que você se reconhece não apenas como artista da beleza, mas como empreendedora — com direitos, segurança e muitas possibilidades de crescimento. Formalizar-se é, antes de tudo, um ato de valorização profissional.
